Sentia-se como o peixe, indo de um lado ao outro em busca de algum sentido em meio a agonia de um lugar indefinido e transitório, por vezes pensava que isto seria o purgatório. Ganhara o peixe em um desses sorteios feitos em feiras, não sabia ao certo se deveria ficar com ele, não sabia o que sentia em relação; se era desprezo ou familiarização. Riu para si ao lembrar de que dizem que os peixes dourados tem memória de apenas dois segundos, ouvira esse boato a muito tempo e não pode deixar de se identificar na época, afinal, sempre lhe acusaram de possuir uma memória curta. Olhava para aquelas escamas douradas e pensou que talvez aquele peixe a entendesse melhor do que muitos de sua espécie, ambos estavam sujeitos a passar por tormentas e águas desconhecidas, experimentando do doce ao salgado e mesmo assim, estarem eternamente sujeitos em suas existências a não compreensão de seus sentimentos. Muitas vezes de fato ela se esquecia (esquecer as vezes é mais fácil), mas estava farta de confundirem seu esquecimento com ausência de pensamento ou sentimento. Não é por que não se lembra que não dói, ou que as lembranças não existam, sempre imaginou sua mente como as profundezas de um oceano, águas povoadas por poucos, um território inabitável pela maioria.
Após muito lhe observar, apaixonou-se; amou o peixe. Percebendo o amor que sentia, pensou na vida em que teriam juntos, em olha-lo todos os dias, admirar cada uma de suas escamas áureas, cada movimento de suas nadadeiras... Até que se deu conta de que seu amor seria sofrimento, pelo menos àquele peixe. Com este sentimento em mãos, correu em direção ao córrego, em seu interior ela sabia que quem ama precisa saber libertar. Sua felicidade não seria completa se ele estivesse infeliz, ali, preso em uma redoma de vidro, limitando a vastidão de suas águas. Colocou o saquinho na água corrente, em um último gesto de admiração observou o sol refletir na superfície do rio e colorir as escamas de seu pequeno amor. Sentiu parte de si mesma deixando-a, sabia que no fundo isto era uma vaga tentativa de seguir junto dele seu destino;ser refém de sua própria liberdade.
Após muito lhe observar, apaixonou-se; amou o peixe. Percebendo o amor que sentia, pensou na vida em que teriam juntos, em olha-lo todos os dias, admirar cada uma de suas escamas áureas, cada movimento de suas nadadeiras... Até que se deu conta de que seu amor seria sofrimento, pelo menos àquele peixe. Com este sentimento em mãos, correu em direção ao córrego, em seu interior ela sabia que quem ama precisa saber libertar. Sua felicidade não seria completa se ele estivesse infeliz, ali, preso em uma redoma de vidro, limitando a vastidão de suas águas. Colocou o saquinho na água corrente, em um último gesto de admiração observou o sol refletir na superfície do rio e colorir as escamas de seu pequeno amor. Sentiu parte de si mesma deixando-a, sabia que no fundo isto era uma vaga tentativa de seguir junto dele seu destino;ser refém de sua própria liberdade.
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