Cardápio do dia
Aperitivo: uma boa dose de auto-estima
Couvert: pães com expectativa enlatada
Entrada: salada de vontades e desejos
Prato principal: pensamentos ao molho de complexo de culpa (cultivados no melhor ambiente familiar desde 1994)
Sobremesa: sonhos açucarados
Digestivo: licor de esperança
Tenho medo de ser devorada, mas minhas partes são digeridas diariamente; eu sou o resto.
Sou sobra de todas as refeições, fui seu café, seu almoço, sua janta; o alimento na necessidade. Sou aquilo que circula em suas entranhas, que mesmo mastigado, deglutido, digerido, excretado, ainda permanece, no mesmo lugar para ser consumido. Eu sou o resto que habita em você.
4 comentários:
Forte, intenso. somos todos restos habitantes de muitos, também somos lares que abrigam muitos outros restos.Parabéns, muito lindo e profundo!
Comida é sensação,é uma espécie de afetividade,um jeito singular se doar e de consumido pelo outro.Agatha é um sabor exótico,que apenas raros sabem degustar.Com todos seus temperos que me agradam,uma pitada de altruísmo,uma colher de chá de ternura mas sempre com desejo pra apimentar e realçar a carne.
Banhada em caldas de açúcar e confeites de morango.Conservada em culpa e receios.Mas tenha calma querida irmã,a vida é feita em banho-maria.
Os restos são apenas o resultado de um processo contínuo que era para ser chamado de vida, porém em decorrência de todos esses processos de consumo, digestão e excreção; atualmente somos apenas presas fáceis de um sistema que nos transforma dia após dia em um mero borrão em meio a uma paisagem.
A vida não era para ser esse processo de consumo, digestão e excreção, a vida deveria ser algo tão sublime quanto uma leve brisa que bate um dente de leão, soltando suas sementes pelo ar. Mas vivemos esse mundo estranho, onde somos apenas restos de nada que apenas vêem mais e mais, o que nos resta apenas é contemplar o sol q se levanta e que se põem.
Lindo o seu texto como sempre.
Continue assim!
Beijos querida!
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